Era manhã de sábado e tinha acabado de
descer do ônibus que nos trazia de volta da fábrica. Voltava do yakin e talvez
fosse umas quase oito da manhã. Encontrei meu tio na máquina de cerveja e
decidi tomar uma com ele, afinal, para mim era como se fosse sexta-feira à
noite.
Então tomamos umas, ele
gostava de Buddweiser, eu ia
escolhendo de acordo com a latinha que me agradasse. Depois de cerca de
uma
hora, passou um camarada nosso, o André, e ficou tomando uma conosco.
Uma
lojinha tipo adega abriu e começamos a comprar as latinhas lá. A dona
era uma
idosa que simpatizou e a cada breja comprada nos dava de brinde uns
petiscos tipo
amendoim. Conversávamos sobre várias coisas, Brasil, etc. É estranho
chegar do
serviço numa manhã de sábado e ficar se embriagando na rua, mas é até
normal
algumas pessoas não dormirem para não perderem o sábado e emendar o dia,
indo
fazer as coisas normalmente. A máquina de cerveja era, no caso dos
brasileiros,
um ponto aonde os homens relaxavam e conversavam sobre assuntos
cotidianos,
como em qualquer boteco no Brasil. E claro, havia os bebedores
costumazes
crônicos, que sempre que passavam por alguma máquina pegavam uma
latinha, mas
esse não era o meu caso. Era o caso do meu tio, que naquela altura já
estava
“meio balão” e subiu de volta ao seu apato. Continuamos conversando eu e
o André e a conversa fluía a respeito de uma certa loja em Kamimaezu
que vendia alguns produtos proibidos.
Kamimaezu
Eu já havia
estado naquela lojinha, ficava em um bequinho inclusive havia comprado uma tal de Spice, um combinado
de ervas para fumar.
Industrializado, bonitinho, era uma bosta. Tentei
fumar uma vez para nunca mais. Não gostei do sabor e deu dor de cabeça.
Na loja, que na verdade era um estande dentro de uma espácie de corredor-galeria em forma de L, foi a
primeira vez em que eu vi sementes variadas de maconha para vender, embaladas e
originárias da Holanda. Rose Mango, Black head entre outras, expostas e
prontas para serem plantadas e regadas com muito amor.
Havia também cachimbos, sedas e afins, além de
outras coisas mais fortes que não ousei experimentar. Até aquele dia.
Bêbados,
decidimos ir até a loja para comprar
cogumelos que eles vendiam, desidratados. Antes, subi até meu apato para trocar
de roupa e deixar a mochila. Fomos a pé até o metrõ Tokai Dori e de lá seguimos
para Kamimaezu. Não passava das onze da manhã e fazia sol. Mais pela aventura
de ir do que pela intenção em si, já que estávamos bêbados, íamos, parando
quando necessário em uma ou outra máquina de cerveja ao longo do caminho e
paquerando as japinhas, obviamente sem sucesso. Chegamos na loja e compramos os
tais cogumelos desidratados e embalados.
Ao sair, comemos.
Foi muito rápido. Começou como uma divertida
expectativa seguida de uma pequena queimação para se transformar numa câimbra
no estômago que resultou em dois vômitos simultâneo no meio do trânsito ao meio
dia, voltando para a casa, em um táxi. O engraçado foi que ambos abrimos as
portas, cada um de um lado, para vomitarmos parados no farol. O taxista deve
ter ficado aliviado por não termos sujado o carro dele, que é todo branco por
dentro.
Nesse dia eu passei muito mal e vomitei muito. Até o
final da tarde o meu corpo ainda tentava vomitar os cogulas. Talvez a brisa
fosse aquela, a brisa do võmito.